Há diferenças profundas entre o que está acontecendo atualmente e o que aconteceu há 80 anos, na crise de 1929. Temos agora, por exemplo, economistas e políticos que conhecem profundamente o problema e que podem acabar caminhando na direção certa para correção dessa crise de 2009. Por exemplo, agora temos um novo herói, o Ben Bernanke, o presidente do FED dos EUA, que conhece profundamente a crise de 1929 e concorda com a análise monetarista do Milton Friedman. Ele tomou uma decisão aparentemente independente, de imprimir dinheiro como ninguém. Ele pode estar certo, pois isto pode reduzir o tamanho e a duração da crise. A notícia de que promoverá expansão monetária de US$ 1 trilhão para comprar títulos de longo prazo do Tesouro americano é uma mudança de direção importante.
Atualmente os Estados Unidos adotam o câmbio flexível (diferente do padrão-ouro em 1929). Essa é uma diferença importante, pois agora déficits comerciais (ao contrário de 1929) não são capazes de afetar severamente a liquidez da economia.
segunda-feira, 30 de março de 2009
As semelhanças entre as crises
Muitos analistas tentam encontrar semelhanças entre a crise financeira atual e a Crise de 1929. A rigor existe apenas uma grande semelhança entre a crise atual e a de 1929: ambas foram causadas pelo Estado.
Em 1929, os Estados Unidos adotavam o padrão-ouro. Com seguidos déficits em sua balança comercial, os americanos tinham que transferir ouro para outros países. Com menos reservas em ouro, eram obrigados então a reduzir a quantidade de dólares na economia. Isso levou a uma brutal queda na liquidez da economia americana. Foi nesse ponto que surgiu o Banco Central americano (FED). O FED foi criado justamente para evitar problemas de liquidez, mas, ao invés de aumentar a liquidez do sistema, optou por reduzi-la. Foi esse o começo da recessão americana.
A depressão americana só começou com o segundo movimento errado do governo: restrições ao comércio internacional (com a idéia de melhorar a situação das empresas americanas) e maior poder de barganha aos sindicatos ( com a idéia de melhorar a situação dos trabalhadores). As políticas públicas americanas destinadas a aliviar os efeitos da crise, tiveram o efeito contrário e transformaram uma crise passageira numa depressão profunda. Até hoje algumas pessoas acreditam que a economia americana só se recuperou por causa da Segunda Guerra Mundial. Elas estão certas em parte, não porque a economia americana precisa da guerra, mas sim porque foi durante a guerra que as políticas públicas adotadas ao longo da década de 30 foram abandonadas. Somente após abandonar idéias erradas é que a economia americana se recuperou.
Atualmente os Estados Unidos adotam o câmbio flexível (diferente do padrão-ouro em 1929). Essa é uma diferença importante, pois agora déficits comerciais (ao contrário de 1929) não são capazes de afetar severamente a liquidez da economia. Mas tal qual em 1929, o governo americano está transformando uma crise passageira numa depressão severa. As medidas de apoio ao setor financeiro logo se alastrarão para outros setores da economia. Restrições ao comércio internacional logo serão adotadas e compensações serão estendidas aos trabalhadores. O resultado disso será similar ao de 1929: o governo terá gerado mais outra brutal recessão.
Em ambas as crises o Estado primeiro causou a crise, e depois, a título de salvar a economia, transformou a crise numa depressão.
Em 1929, os Estados Unidos adotavam o padrão-ouro. Com seguidos déficits em sua balança comercial, os americanos tinham que transferir ouro para outros países. Com menos reservas em ouro, eram obrigados então a reduzir a quantidade de dólares na economia. Isso levou a uma brutal queda na liquidez da economia americana. Foi nesse ponto que surgiu o Banco Central americano (FED). O FED foi criado justamente para evitar problemas de liquidez, mas, ao invés de aumentar a liquidez do sistema, optou por reduzi-la. Foi esse o começo da recessão americana.
A depressão americana só começou com o segundo movimento errado do governo: restrições ao comércio internacional (com a idéia de melhorar a situação das empresas americanas) e maior poder de barganha aos sindicatos ( com a idéia de melhorar a situação dos trabalhadores). As políticas públicas americanas destinadas a aliviar os efeitos da crise, tiveram o efeito contrário e transformaram uma crise passageira numa depressão profunda. Até hoje algumas pessoas acreditam que a economia americana só se recuperou por causa da Segunda Guerra Mundial. Elas estão certas em parte, não porque a economia americana precisa da guerra, mas sim porque foi durante a guerra que as políticas públicas adotadas ao longo da década de 30 foram abandonadas. Somente após abandonar idéias erradas é que a economia americana se recuperou.
Atualmente os Estados Unidos adotam o câmbio flexível (diferente do padrão-ouro em 1929). Essa é uma diferença importante, pois agora déficits comerciais (ao contrário de 1929) não são capazes de afetar severamente a liquidez da economia. Mas tal qual em 1929, o governo americano está transformando uma crise passageira numa depressão severa. As medidas de apoio ao setor financeiro logo se alastrarão para outros setores da economia. Restrições ao comércio internacional logo serão adotadas e compensações serão estendidas aos trabalhadores. O resultado disso será similar ao de 1929: o governo terá gerado mais outra brutal recessão.
Em ambas as crises o Estado primeiro causou a crise, e depois, a título de salvar a economia, transformou a crise numa depressão.
A Crise de 2009
Será que o anúncio feito pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), de uma grande diminuição das taxas de juros, conseguirá evitar a recessão nos Estados Unidos? Vários especialistas acreditam nisso. Mesmo esperando a redução do crescimento, não antecipam um esfriamento brutal da economia mundial.
Porém, outros analistas, também adeptos do capitalismo, demonstram bastante preocupação. Na França, por exemplo, Jacques Attali profetiza que “daqui a pouco (...) a Bolsa de Nova York, garantidora da pirâmide dos empréstimos, vai desmoronar”. E Michel Rocard afirma que “a crise mundial é para amanhã”, e não hesita em acrescentar: “Estou certo de que logo tudo vai explodir”.
De fato, os sinais de desconfiança vêm-se multiplicando, como se pode ver na “corrida do ouro”: o metal amarelo, cuja cotação, em 2007, aumentou em 32%, está voltando a ser o refúgio de muitos investidores. Todos os grandes organismos econômicos, entre os quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), prevêem uma baixa do crescimento mundial.
Quase tudo começou em 2001, com o estouro da bolha da Internet. Para preservar os investidores, Alan Greenspan, então presidente do Fed, decidiu orientar os investimentos para o mercado imobiliário. Por meio de uma política de juros baixíssimos e de redução dos encargos financeiros, ele encorajou os intermediários financeiros e imobiliários a estimular uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Instaurou-se assim o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e taxa variável oferecidos às famílias mais frágeis. Mas, em 2005, ao aumentar as taxas de juros (estas mesmas que acabou de reduzir), o Fed detonou a máquina e provocou um efeito dominó que, a partir de agosto 2007, fez vacilar o sistema bancário internacional.
A ameaça de insolvência de cerca de três milhões de famílias, com dívidas de mais de 200 bilhões de euros, ocasionou a falência de grandes estabelecimentos de crédito. Para se precaver contra tal risco, estes haviam vendido uma parte de seus créditos duvidosos para outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimentos especulativos, que, por sua vez, disseminaram-nos pelos bancos do mundo inteiro. Resultado: tal como uma epidemia fulminante, a crise atingiu o conjunto do sistema bancário.
Estabelecimentos financeiros importantes – Citigroup e Merrill Lynch, nos Etados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suiça; Société Générale, na França etc. – acabaram por reconhecer perdas colossais e prevêem mais depreciações. Para limitar o desastre, muitos tiveram que aceitar capitais provenientes de fundos soberanos controlados por países do Sul e petromonarquias.
Não se sabe ainda o tamanho exato do rombo. Desde agosto de 2007, os bancos centrais norte-americano, europeu, britânico, suíço e japonês injetaram na economia centenas de bilhões de euros sem conseguir restaurar a confiança. Da economia financeira, a crise propagou-se para economia real. E uma conjunção de fatores – redução acelerada dos preços no mercado imobiliário dos Estados Unidos (e também do Reino Unido, da Irlanda e da Espanha), esvaziamento da bolha de liquidez, queda do dólar, restrição dos créditos – fazem temer um real recuo do crescimento mundial. Somam-se a isso outros fenômenos como a alta dos preços do petróleo, das matérias primas e dos produtos alimentares. Ou seja, os ingredientes de uma crise duradoura. A mais importante desde que a globalização constituiu o quadro estrutural da economia mundial.
De agora em diante, seu desfecho reside na capacidade das economias asiáticas em substituir o motor americano. Seria então uma nova manifestação do declínio do Ocidente anunciando o deslocamento próximo do centro da economia mundial dos Estados Unidos para a China. Dessa forma, esta crise marcaria o fim de um modelo.
Porém, outros analistas, também adeptos do capitalismo, demonstram bastante preocupação. Na França, por exemplo, Jacques Attali profetiza que “daqui a pouco (...) a Bolsa de Nova York, garantidora da pirâmide dos empréstimos, vai desmoronar”. E Michel Rocard afirma que “a crise mundial é para amanhã”, e não hesita em acrescentar: “Estou certo de que logo tudo vai explodir”.
De fato, os sinais de desconfiança vêm-se multiplicando, como se pode ver na “corrida do ouro”: o metal amarelo, cuja cotação, em 2007, aumentou em 32%, está voltando a ser o refúgio de muitos investidores. Todos os grandes organismos econômicos, entre os quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), prevêem uma baixa do crescimento mundial.
Quase tudo começou em 2001, com o estouro da bolha da Internet. Para preservar os investidores, Alan Greenspan, então presidente do Fed, decidiu orientar os investimentos para o mercado imobiliário. Por meio de uma política de juros baixíssimos e de redução dos encargos financeiros, ele encorajou os intermediários financeiros e imobiliários a estimular uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Instaurou-se assim o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e taxa variável oferecidos às famílias mais frágeis. Mas, em 2005, ao aumentar as taxas de juros (estas mesmas que acabou de reduzir), o Fed detonou a máquina e provocou um efeito dominó que, a partir de agosto 2007, fez vacilar o sistema bancário internacional.
A ameaça de insolvência de cerca de três milhões de famílias, com dívidas de mais de 200 bilhões de euros, ocasionou a falência de grandes estabelecimentos de crédito. Para se precaver contra tal risco, estes haviam vendido uma parte de seus créditos duvidosos para outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimentos especulativos, que, por sua vez, disseminaram-nos pelos bancos do mundo inteiro. Resultado: tal como uma epidemia fulminante, a crise atingiu o conjunto do sistema bancário.
Estabelecimentos financeiros importantes – Citigroup e Merrill Lynch, nos Etados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suiça; Société Générale, na França etc. – acabaram por reconhecer perdas colossais e prevêem mais depreciações. Para limitar o desastre, muitos tiveram que aceitar capitais provenientes de fundos soberanos controlados por países do Sul e petromonarquias.
Não se sabe ainda o tamanho exato do rombo. Desde agosto de 2007, os bancos centrais norte-americano, europeu, britânico, suíço e japonês injetaram na economia centenas de bilhões de euros sem conseguir restaurar a confiança. Da economia financeira, a crise propagou-se para economia real. E uma conjunção de fatores – redução acelerada dos preços no mercado imobiliário dos Estados Unidos (e também do Reino Unido, da Irlanda e da Espanha), esvaziamento da bolha de liquidez, queda do dólar, restrição dos créditos – fazem temer um real recuo do crescimento mundial. Somam-se a isso outros fenômenos como a alta dos preços do petróleo, das matérias primas e dos produtos alimentares. Ou seja, os ingredientes de uma crise duradoura. A mais importante desde que a globalização constituiu o quadro estrutural da economia mundial.
De agora em diante, seu desfecho reside na capacidade das economias asiáticas em substituir o motor americano. Seria então uma nova manifestação do declínio do Ocidente anunciando o deslocamento próximo do centro da economia mundial dos Estados Unidos para a China. Dessa forma, esta crise marcaria o fim de um modelo.
sexta-feira, 27 de março de 2009
A Crise de 1929

No início do século XX, os Estados Unidos viviam o seu período de prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a euforia, a economia norte-americana começou a passar por sérias dificuldades. Podemos identificar dois motivos que acarretaram a crise:
- O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego.
- A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas economias.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise. A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.
Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt, propôs mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer a crise que abalou o mundo.
- O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego.
- A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas economias.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise. A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.
Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt, propôs mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer a crise que abalou o mundo.
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